Diga: Renato!


domingo, janeiro 26, 2003
Deu no New York Times

Em breve nos EUA: Charutos cubanos fabricados no Brasil.



Software para se burlar o recém instituído participation level do KaZaa 2.



Como a Internet é um repositório de várias tendências, eis que surge a mais recente: Morte ao Linux.





Uma crítica do New York Times ao livro 'The White Rock': The Quest for an Incan Ruin.



quinta-feira, janeiro 23, 2003
Por vários anos procurei por este livro. Finalmente o identifiquei. Vejam como é interessante:

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Livro: Maldita Guerra - Nova História da Guerra do Paraguai
Autor: Francisco Doratioto

Páginas: 648

Formato: 16 X 23

Peso: 1,009 Kg

Fonte: Cia das Letras

2001

Escrito em linguagem clara e objetiva, este livro é fruto de quinze anos de pesquisas em arquivos e bibliotecas do Brasil, do Rio da Prata e da Europa. Francisco Doratioto, graduado em história pela USP e doutor em história das relações internacionais pela Universidade de Brasília, viveu durante três anos no Paraguai, o que lhe permitiu visitar locais e conhecer a memória oral ainda existente sobre a guerra. A utilização de fontes tão diversificadas resultou em descobertas surpreendentes e na recuperação de informações publicadas no final do século XIX e começo do XX. Doratioto explica o início do conflito através do processo histórico regional, rejeitando a interpretação de que o imperialismo inglês seria o responsável pelo desencadear da luta. O autor relata o duro cotidiano das tropas aliadas e mostra toda a dinâmica da guerra, reavaliando a atuação de chefes militares como Mitre, Tamandaré e Caxias. As principais batalhas são contextualizadas de forma didática em mais de 20 mapas, enquanto personagens e situações encontram-se representados num interessante conjunto de ilustrações e fotografias. Outro aspecto investigado é o contexto internacional do conflito: a simpatia da opinião pública pelo lado paraguaio, a neutralidade das potências européias e a postura favorável ao Paraguai por parte dos Estados Unidos e países sul-americanos. A Guerra do Paraguai foi um marco na história dos países envolvidos. No caso do Brasil, sorveu recursos humanos e financeiros de que a economia brasileira carecia para sua expansão. Com sólida base documental e metodológica, Maldita guerra desfaz mitos antigos e recentes sobre o conflito, constituindo-se em obra de referência sobre o tema.

Comentários da Imprensa

"A obra de Doratioto pretende ser uma nova história sobre o tema e alcança tal objetivo. É completa, resultado de grande esforço de pesquisa e reflexão, mas não exaustiva. Trata das principais questões, sem encerrar o vasto assunto. Ao contrário: sugere continuidades e certamente vai causar polêmica, tornando-se referência obrigatória."

A guerra grande e maldita
Marco Morel
O Globo
Prosa & Verso
13/04/2002
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"Maldita guerra é, sobretudo, uma exaustiva retrospectiva do dia-a-dia no campo de batalha - e, ao descrevê-lo, o autor não poupa vencidos nem vencedores. Ele resgata, por exemplo, as vacilações do alto comando brasileiro, que teriam prolongado o conflito além do necessário e causado a perda de milhares de vidas."

A guerra das versões
Marcelo Marthe
Veja
Livros
03/04/2002


Trecho do Livro
Introdução

Entre 1740 e 1974, o planeta teve 13 bilhões de habitantes e assistiu a 366 guerras de grande dimensão, ao custo de 85 milhões de mortos. O resultado dessas guerras parece ter sido um prêmio à agressão, pois em dois terços delas o agressor saiu-se vencedor e, quanto à duração, 67% terminaram em prazo inferior a quatros anos. A Guerra do Paraguai faz parte, portanto, da minoria, pois o agressor, o lado paraguaio, foi derrotado e a luta se estendeu por cinco anos. Foi o conflito externo de maior repercussão para os países envolvidos, quer quanto à mobilização e perda de homens, quer quanto aos aspectos políticos e financeiros. O enfrentamento entre a Tríplice Aliança e o Paraguai tornou-se verdadeiro divisor na história das sociedades desses países, como o demonstra, em relação ao Brasil, o seguinte trecho da crônica de Machado de Assis, escrita em 1894:


Deus meu! Há pessoas que nasceram depois da Guerra do Paraguai! Há rapazes que fazem a barba, que namoram, que se casam, que têm filhos e, não obstante, nasceram depois da batalha de Aquidaban.


A longa duração da guerra, que perdurou de dezembro de 1864 a março de 1870, criou uma nova realidade, uma "vida intensa", no Rio de Janeiro. Na capital do Império do Brasil, soldados entravam e saíam e, numa época em que não existia o telégrafo internacional, esperava-se a chegada de navios vindos do Rio da Prata com notícias da frente de batalha. O cotidiano se alterou nas outras duas capitais aliadas, Buenos Aires e Montevidéu, por onde passavam tropas brasileiras enviadas ao Paraguai e doentes evacuados da frente de batalha. Na Argentina, sobretudo, onde se abasteciam o Exército e a Marinha imperial, a economia foi dinamizada, e enriqueceu fazendeiros e comerciantes. A Guerra do Paraguai repercutiu na consolidação dos Estados nacionais argentino e uruguaio; foi o momento do apogeu da força militar e da capacidade diplomática do Império do Brasil, mas, de forma paradoxal, contribuiu para o acirramento de contradições do Estado monárquico brasileiro, enfraquecendo-o. O Paraguai, por sua vez, tornou-se a periferia da periferia, na medida em que sua economia se tornou satélite da economia da Argentina após o término do conflito.

A evolução da guerra despertou a minha atenção quando, na segunda metade da década de 1980, pesquisava para a dissertação de mestrado sobre as relações entre o Império do Brasil e o Paraguai. Deparei-me com seguidas surpresas em arquivos dos países envolvidos na guerra; em informes de diplomatas europeus que serviam na região; em livros de memórias; em trabalhos do final do século XIX e início do XX, bem como em estudos paraguaios mais recentes. Ficou claro que, desde o final da guerra, em 1870, a historiografia tradicional brasileira reduziu a importância do aliado argentino para a vitória sobre Solano López e minimizou, quando não esqueceu, importantes críticas à atuação de chefes militares brasileiros no conflito.Em compensação, ficou evidente que Francisco Solano López era um ditador quase caricato de um país agrícola atrasado, autor de erros militares que custaram a vida de milhares de seus valentes soldados, mas que foram motivo de suspeito silêncio de seus admiradores futuros, os revisionistas históricos. Nas últimas décadas do século xx, a história da guerra foi "retrabalhada" pelo revisionismo populista, ao se criar o mito de Solano López grande chefe militar e, absurdamente, líder antiimperialista. Ao mesmo tempo, desqualificava-se a atuação dos Exércitos aliados, a resistência e o sacrifício demonstrados por seus homens, lutando durante anos longe de seus países. Na verdade, atos de desprendimento pessoal, de bravura, de covardia ou de crueldade ocorreram em ambos os lados da guerra.

A geração daqueles que lutaram na guerra, quer nos países aliados, quer no Paraguai, não registrava de forma positiva o papel histórico de Solano López. Havia certeza da sua responsabilidade, quer no desencadear da guerra, ao invadir o Mato Grosso, quer na destruição de seu país, pelos erros na condução das operações militares e na decisão de sacrificar os paraguaios, mesmo quando caracterizada a derrota, em lugar de pôr fim ao conflito. Dessa geração nasceu a historiografia tradicional sobre a guerra, que simplificou a explicação do conflito ao ater-se às características pessoais de Solano López, classificado como ambicioso, tirânico e, mesmo, quase desequilibrado. Essa caracterização não estava longe da realidade e pode até explicar certos momentos da guerra, mas não sua origem e sua dinâmica.

No final do século XIX e início do XX surgiram vozes discordantes dessa interpretação tradicional. No Brasil, os adeptos do positivismo, filosofia contrária ao regime monárquico de governo, passaram a responsabilizar o Império brasileiro pelo início da guerra. No Paraguai, por essa época, surgiu o revisionismo sobre Solano López, que teve sua imagem "reconstruída" e passou a ser apresentado como estadista e grande chefe militar. Essa interpretação surgiu por motivos financeiros, como é desvendado no capítulo 1 deste livro, e foi adotada por uma seqüência de ditadores: Rafael Franco (1936-7) a oficializou; Higino Morinigo (1940-8) a fortaleceu e Alfredo Stroessner (1954-9) a tornou ideologia oficial de Estado, a ponto de prender e exilar aqueles que dela divergissem. A falsificação do passado, com a apologia da ditadura lopizta, contribuiu para construir a opressão do presente, ao dar suposta legitimidade aos regimes desses três governantes. Foi, porém, a partir de fins dos anos 1960 que intelectuais nacionalistas e de esquerda do Rio da Prata promoveram Solano López a líder antiimperialista. Esse revisionismo que, com o tempo, descambou para posturas populistas, apresenta o Paraguai pré-guerra como um país progressista, onde o Estado teria proporcionado a modernização do país e o bem-estar de sua população, fugindo à inserção na economia capitalista e à subordinação à Inglaterra. Por essa explicação, Brasil e Argentina teriam sido manipulados por interesses britânicos para aniquilar o desenvolvimento autônomo paraguaio.

O livro mais marcante desse revisionismo talvez seja La Guerra del Paraguay: gran negocio!, publicado em 1968 pelo respeitável historiador argentino León Pomer. No Brasil, uma simplificação dos argumentos dessa obra resultou, em 1979, no Genocídio americano: a Guerra do Paraguai, do escritor Julio José Chiavennato. Grande sucesso editorial, Genocídio americano ensinou a gerações de estudantes brasileiros que o imperialismo inglês, "destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre". Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais; ao contrário, o leitor encontrará no capítulo 1 deste livro fotocópia de carta do representante diplomático britânico em Buenos Aires, Edward Thornton, dirigida ao governo paraguaio em dezembro de 1864, na qual oferece seus préstimos para evitar uma guerra entre o Paraguai e o Brasil. Contudo, essa teoria ainda tem alguma repercussão, como nos trabalhos de Carlos Guilherme Mota e Paulo Miceli, embora desmentida por trabalhos resultantes de sólida pesquisa histórica, como os de Alfredo da Mota Menezes, André Toral, Ricardo Salles e Vitor Izecksohn. No Paraguai, autores como Juan Carlos e María Isabel Herken Krauer, Guido Rodríguez Alcalá, Ricardo Caballero Aquino e Diego Abente também explicaram as origens da guerra a partir de fatores regionais.

Na verdade, tanto a historiografia conservadora como o revisionismo simplificaram as causas e o desenrolar da Guerra do Paraguai, ao ignorar documentos e anestesiar o senso crítico. Ambos substituíram a metodologia do trabalho histórico pelo emocionalismo fácil e pela denúncia indignada. Para uma análise mais precisa das origens e do desenrolar da guerra faltaram à historiografia conservadora, devido à época de seu surgimento, conhecimento metodológico e, mesmo, documentação acessível ao pesquisador. Dessas atenuantes, porém, não se beneficia o revisionismo, em sua vertente antiimperialista, que tem a explicá-lo o momento histórico em que foi gerado e se desenvolveu, nas décadas de 1960 a 1980, quando as sociedades desta parte da América do Sul viviam sob ditaduras militares, que, apesar de castradoras das liberdades civis, reivindicavam para si a defesa do pensamento liberal. Uma das formas de combater essas ditaduras era desmoralizar seus referenciais históricos, seus ídolos - na Argentina, Mitre; no Brasil, o duque de Caxias -, e seus alicerces ideológicos. Daí o espírito acrítico com que o mundo acadêmico aceitou e reproduziu, naquele momento, publicações "revisionistas" sobre a Guerra do Paraguai, mistificadoras de Solano López, e que responsabilizavam o imperialismo britânico pelo conflito. Contudo, continuar a defender, hoje, essa interpretação somente pode ser resultado da ignorância histórica ou, então, da natural dificuldade de se reconhecer errado.

A superação dos regimes autoritários, os avanços do conhecimento histórico e a abertura de arquivos criaram condições para uma análise mais objetiva da Guerra do Paraguai, para além de simplificações ou deturpações. Com essa perspectiva, este livro, apoiado em vasta e diversificada documentação, parte dela inédita, busca explicar as origens da guerra e o seu desenvolvimento. Foi preocupação do autor dar às vozes do passado, dos que viveram a guerra nos diferentes exércitos, o espaço para serem ouvidas com respeito, quer dizer, inseridas no contexto histórico em que foram geradas. Merecem admiração aqueles que, sejam aliados, sejam paraguaios, se sacrificaram ao lutar por uma causa que lhes parecia justa. Mas é obrigação do historiador, em favor do conhecimento da realidade da guerra e no exercício de um dever ético, apontar aqueles que, em posições de mando, foram responsáveis por tratamento cruel a subordinados e a inimigos, ou que não foram dignos do valor e do sacrifício de seus soldados.

Por último, atualizou-se a ortografia na transcrição de trechos de documentos, bem como se traduziram para o português as citações escritas em outros idiomas.



domingo, janeiro 19, 2003
Voltei ao Extra, não por vontade própria, mas encubido de cumprir rotina doméstica familiar - não me agrada passear em supermercados. Enfim, não fui muito chateado dessa vez, tinha interesses próprios envolvidos. Queria comprar mais alguns livros por R$ 5,99, especialmente o segundo volume de Marco Zero - A Revolução Melancólica I de Oswald de Andrade. Infelizmente não o encontrei. Aliás, os livros diminuíram, em quantidade, absurdamente, já os preços foram majorados para R$ 7,69 - ainda assim bastante em conta. Continuam confinados a um canto ermo da loja. Revirei tudo e só encontrei um de interessante, chama-se A Descoberta da América pelos Turcos, de Jorge Amado.

Li de um tacada, livro pequeno escrito com objetivos específicos - a comemoração da descoberta da América - e publicado por vias tortuosas. Mas isso não importa, o mote da questão é qualidade literária de Jorge Amado. Eu sou fã declarado de Zélia Gattai, esposa de Jorge, que para mim representa o ideário e Dona Benta, personagem de Monteiro Lobato. Meu gosto pela leitura se deve em parte por culpa de Zélia, um dia conto a história.

No entanto, Jorge Amado não está entre os meus autores favoritos. Acho que é questão de maturidade, um dia perceberei a sua importância. A contracapa que reveste o livro traz trechos de críticas da imprensa francesa a respeito da obra então publicada. A que mais me chamou a atenção foi a de Jean-Michel Fossey, do Liberté de l'Est. Ele diz que saboreava o livro em um bistrô - não literalmente, calma! - sempre com um sorriso, às vezes gargalhando, durante toda a leitura. Nisso eu concordo, o senso de humor de Jorge é refinado e sempre bem ambientado. Acho que a chave para admirar Jorge passa por aí...



domingo, janeiro 12, 2003
A tecnologia da informação na era Lula

http://www.informationweek.com.br/psi/artigo.asp?id=33487
Artigo com três páginas.



quarta-feira, janeiro 08, 2003
Comprei Notícia de um Seqüestro, de Gabriel García Márquez, no Extra, por R$ 5,99. No Submarino o mesmo livro custa R$ 36,00. Ô saldão bom, sô.



A Quinta Coluna, de Ernest Hemingway, é a única peça escrita pelo autor. Publicada para ser lida corridamente como um romance, retrata a Guerra Civil Espanhola, nos anos 30, e não me empolgou muito. Na verdade, eu ainda não consegui perceber todo o brilhantismo literário que atribuem a Hemingway. Por vezes penso que seu estilo conquistador e as suas inúmeras viagens que fez ao redor do mundo, traga-lhe um grande encantamento. Sem menosprezo, continuo a busca de sua grande obra.



terça-feira, janeiro 07, 2003
Eu não sei por que, mas tenho um nojo danado de sebos. Sim, gosto de livros, visito bibliotecas, leio livros velhos, empoeirados, mofados, por que não dizer: sujos; mas entro em sebo sempre achando que visito um túmulo recém descoberto de algum Faraó. A idéia que me vem, é que dentro de cada livro, não importa a página que eu abra, uma bactéria desconhecida irá pular em minha cara. Penso sempre que aquele livro deve ter pertencido a algum tuberculoso que encarragava-se de lê-lo nos instantes culminantes de suas tosses crônicas. A neurose chega a tanto, que dois volumes comprados em um sebo no centro do Rio, numa medida extremista de vencer esse medo pueril, não são lidos em minha mesa de trabalho, pela sensação de estar contaminando o móvel.

Quando eu for aos EUA, vou tentar comprar um roupa daquelas de inspetores de armas biológicas. Só assim me sentiria confortável em um sebo ou manusearia uma edição lá adquirida.

Preciso acabar com isso, estou muito velho para acreditar em monstros embaixo da cama.



segunda-feira, janeiro 06, 2003
Eu não gosto:

Na música:
Djavan, Maria Bethânia, Gal Costa, Elba Ramalho, Simone, LS Jack, RPM, Zélia Duncan, Jorge Vercilo, Todas as duplas, Todos os sertanejos, Todos os pagoderos românticos, Todas as boys-band, Belchior, Roberto Carlos, Benito de Paula, Erasmo Carlos, Titãs, Jota Quest...

Na TV:
Faustão, Gugu, Hebe, Silvio Santos, Xuxa, Angélica, Miguel Falabela, Ana Maria Braga, Rodolfo Bottino, Datena, Leão Lobo, Brasil Urgente, Nelson Rubens, Adriane Galisteu, Luciana Gimenes, Eliana, Otávio Mesquita, Luciano Huck, Marcos Mion, Celso Portiolli, Malhação, Novelas, Desenhos, Chaves, Chapolin e mais um monte de outros que não lembro agora.


Gosto de algumas coisas:

Gilberto Gil e Caetano Veloso



Mas como se vive nos pensamentos do outros?

Quando falo de você, em sua ausência, em uma roda de amigos, naquele momento você vive. Não assume corpo e nem você sabe da conversa, mas você vive sem estar presente. Que vantagem há nisso? Pergunto: por que tanto empenho ao falar ao telefone ou mandar e-mail de transmitir sentimento? Falar ou escrever no tom ideal ao ouvinte e ao momento para transmitir com fidelidade seu estado de espírito e provocar no juízo do interlocutor o sentimento que deseja (medo, raiva, alegria, descontração, felicidade...)? Neste momento ouve uma transmutação, você venceu a barreira temporal e da distância para fazer-se vivo. Mas que graça tem viver eu outro lugar e você fisicamente não tirar proveito disso? O mundo não gira em torno de você e que monótono seria poder deliciar-se de cada instante em que você é citado, que você vive, requerendo com isso que o tempo parasse para que você alternasse de lugares e ao mesmo tempo não perdesse um minuto que fosse do seu tempo físico de onde você deveria estar. O seu viver, o desenrolar de sua vida, alheio a se falam ou não de você, garantem oportunidades suficientes para sua satisfação como ser. Concentre-se no seu cotidiano e não esqueça da dimensão que seus gestos podem alcançar. Aproveite o momento e não se preocupe com a eterninada, ela, a eternidade, é que tem de se ocupa de você.



Morrer é como se desinscrever de uma lista, abandonar um newsgrupo ou não usar mais ICQ. Você sai de cena, mas deixa um histórico. Alguns não deixam históricos gravados em mídia, mas deixa em pensamentos, neles vivem. São imortais até que os dentetores dos pensamentos também se vão. Se os pensadores levarem os conhecimentos adiante, mais especificamente se falar nos que morreram, há um prolongamento da imortalidade. O que é a imortalidade senão a capacidade de se perpetuar em ambientes diferentes. Ambientes que podem ser o cérebro, um livro, uma pintura ou um vídeo. Se há continuidade ou se retornamos ao pó, não sei, mas é certo que essa vida é tão pungente que nos faz acreditar que ela é tudo, começo, meio e fim. Oportunidade ímpar que cada um de nós tem de ignorar, ou ferrenhamente acreditar, se houve algo antes ou se levaremos memórias dessa vida.

Crês em Deus? Louve-o com o teu fevor. No entanto, não queira adestrar quem te cerca. Apresente-o com lisura e aceite resignado a decisão de cada um. Sem nunca cobrar, culpar ou desmerecer qualquer que seja a decisão.

Deus é a Natureza? Trate-a com zelo e respeito. Eduque os demais a seguir seus passos, mas não deixe que a distância entre tua cabeça e teus pés te cause vertigem. Mantenha os pés firmemente no chão e aplica uma boa dose de simplicidade a tudo. Mais atitude e menos papo.

Não crês em nada? Já demonstra que crês em algo. A fé empenhada na não-crença é similares a dos crentes, com propósitos distintos. Cuidado apenas para não caíres no fanatismo do não crer, independente dos teus motivos, pois se contrapor à crença, como já dito, requer também uma boa dose de crença e dúvidas sobre a veracidade das premissas que sustentam seus argumentos.



quarta-feira, janeiro 01, 2003
Lula Maçaneta

É um negócio pra se pensar. Eu concordo que Lula como "Presidente do Povo" deve assumir uma postura menos formal e se aproximar de quem o elegeu. Acho tudo normal e muito bonito. Mas, pombas, é preciso ter algum critério. Facilitar na segurança para "corresponder" aos anseios do povo é algo muito perigoso. E não venham com a conversa que no Brasil ninguém colocaria a vida dele em risco. Ok, eu até aceito a questão física, mas há a integridade moral. Um exemplo? Imagine se um gaiato fura o bloqueio, no momento em que Lula está subindo a rampa, corre em sua direção e, ao invés de aplicar-lhe um golpe (com ou sem arma), simplesmente passa a mão na bunda do Presidente! Mas aquela passada bem indiscreta, pra todo mundo ver, bem desavergonhada. Já pensaram nisso?! Deve ser pior que levar um tiro. É um constrangimento para o resto da vida.



E não é que passou um ano?! Cheguei em casa tão cansado em 01/01/2002, que dormi e só acordei hoje, 01/01/2003.

Ok, dormi virtualmente, mas não fisicamente. Fazer balanço de ano que se passou para mim é uma mesmice. Sempre acho que houve um saldo positivo, nem que seja como experiência (dizem que experiência é aquilo que se conquista quando os objetivos não são alcançados). Quer um exemplo? Em 2002 eu desfilei pela primeira vez na Av. Marquês de Sapucaí, aqui no Rio, e devo isso a Rogério e Denise. A ambos, muiiito obrigado. O que mais? Bom, o show do Rush também foi algo marcante. Foram 30 anos para os caras se apresentarem no Brasil. Fiquei abismado com a qualidade do som em pleno Maracanã e fiquei ainda mais abismado com a competência de Neil Peart, Gerry Lee e Alex "Al G" Lifeson. Neil Peart é o melhor baterista que já vi. Ah, durante o carnaval quase me envolvi em um incidente internacional. Passando pela Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, reparei que o havia um trânsito lento sem sentido. Saí cortando todo mundo e notei que vário carros da Polícia Federal trafegavam pelo meio da pista. Motorista ixperto que sou, apontei para a esquerda e lá fui. Uma Fiat Uno, aparentemente um carro de passageiro comum, mas que na verdade era um carro à paisana da Polícia, emparelhou comigo sinalizando para voltar ao fim do pelotão. Era a comitiva de Barbara Bush.

Pô, só lembrei disso. Que aninho mixuraca! Mas nada, foi legalzinho. E bastante difícil. Principalmente no aspecto econômico.

Well, chega de ladainha. É bom estar de volta.